sábado, 20 de fevereiro de 2010

Somente uma fase

Downtime (Jo Dee Messina)

I haven’t been myself these days according to friends
I tend to lose part of me when my heart’s on the mend
I’ll be alright it’s safe to say
‘Cause just like your love this is only a phase

Oh, I’ve been on this road a time or two, it’s nothing new
I’ll get on my feet and over you
I tell myself that everything will be just fine
I’m just going through a little down-time

Some might think I’ve gotten caught up in heartache’s aftermath
But your memory’s taken second to a good book and nice long bath
I must admit it threw me at first
But I’m convinced I’m over the worst

Oh, I’ve been on this road a time or two, it’s nothing new
I’ll get on my feet and over you
I tell myself that everything will be just fine
I’m just going through a little down-time

Time is meant to play the part
In taking care of broken hearts

Oh, I’ve been on this road a time or two, it’s nothing new
I’ll get on my feet and over you
I tell myself that everything will be just fine
I’m just going through a little down-time

I’m just going through a little down-time

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Reminiscências sonoras

Te Ver
Skank
Composição: Samuel Rosa / Lelo Zanetti / Chico Amaral

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável
É dor incrível...

É como mergulhar no rio
E não se molhar
É como não morrer de frio
No gelo polar
É ter o estômago vazio
Não almoçar
É ver o céu se abrir no estio
E não se animar...

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável
É dor incrível...

É como esperar o prato
E não salivar
Sentir apertar o sapato
E não descalçar
É ver alguém feliz de fato
Sem alguém prá amar
É como procurar no mato
Estrela do mar...

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável
É dor incrível...

É como não sentir calor
Em Cuiabá
Ou como no Arpoador
Não ver o mar
É como não morrer de raiva
Com a política
Ignorar que a tarde
Vai vadiar e mítica
É como ver televisão
E não dormir
Ver um bichano pelo chão
E não sorrir
E como não provar o nectar
de um lindo amor
Depois que o coração detecta
A mais fina flor...

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável
É dor incrível...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

All gone

Primeiro, foram os sonhos.

Agora, o que sobrou da realidade.

Será que ainda existe algo que possa ser roubado?

Quem sabe
alguém queira levar um pouco da dor embora.

Mas essa,
essa não interessa a ninguém.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Despedida


Eis que agora me despeço
não pelo que fora, ou que foste,
ou seria um dia essa ventura morta
que sempre desejou nascer.
Me despeço pelos sorrisos deixados em algum lugar,
pelas horas que passaram como se nada, nada
fosse mais importante do que estar ali
ao teu lado.
Nunca me esqueço, apenas
me despeço.

Deixo que o tempo apague os rastros
desse caminho aberto e sem coração.
Sem todo o coração,
pois parte dele viveu,
assim como vive, intensa,
em silêncio,
respirando as formas desse viver
que dia a dia mais me comove – que doença, amar.

Amor que compreende
e se rende a alegrias suspensas
nesse éter desenxabido
de todas as possibilidades que ficaram nas sombras
de todas letras que não deixaram o papel.

Me despeço da admiração,
me despeço das vezes e vezes que li,
reli e senti em mim brilhar a luz do sentimento
desperto nas palavras tão inteligentes e sensíveis
da escritora que vive em ti.
Nunca deixei, um dia sequer, de procurar
a luz de tuas palavras.

Me despeço, hoje, com o pesar de quem se perde
e procura no vazio a escolha que não quer fazer
por ter de esquecer.
Cada linha, cada sonho, cada viagem que me trouxe o viver esperançoso
onde antes nada parecia romper o véu escuro da desesperança.

Me despeço, pela esperança que me deste,
da esperança que me tiraste.
Escritora a passear entre os conceitos e paisagens,
a desenhar em letras e metáforas
a vida que escorre por entre os dedos, e que a ti pouco,
pouco tempo oferece à metamorfose das idéias pulsantes
em signos para os olhos
e para o coração.
Mas, ainda assim, escritora. Taciturna, bem o sei,
mas vitoriosa por atravessar os abismos obscuros de ti mesma
em ser e viver como escritora de lutas e desejos que não esvanecem.

Me despeço do calor de suas palavras.
Me despeço do desejo de navegar contigo
aos horizontes de tuas vitórias vindouras,
da alegria em ver a cada dia a vida ainda melhor
por meio das imagens que tu, tão especialmente,
vai presenteando a este mundo carente de expressão sensível.

Me despeço da tuas travessuras,
de teu Bloquinho, de tuas cartas, de tuas mensagens.
Me despeço do sonho de ser o teu leitor mais dedicado,
de ser esteio quando sentires que a pena não quer escrever,
quando o incerto tomar espaço ante o teu mundo de artista.
Serei apenas teu fã, distante,
que agora se despede da tribuna das homenagens
e de teu olhar.
Todavia, tua estrela há de continuar brilhando,
e nos dias sem luar terei em mim o acalento
de lembrar que já tive, um dia,
a alegria de viver contigo próximo,
iluminado pelo teu formoso cintilar.

Mas não só ao céu: teu brilho é da água,
do seio fluido que te abraça
e te faz deslizar, serena,
sobre as asperezas do caminho.
Força que te faz persistente e bela,
e que eu, de início, pouco compreendi.
Hoje, tardiamente, compreendo esse abraço
e com ele torço para que seus braços
jamais deixem de encantar as águas,
jamais deixem de encantar quem te veja
deslizando, como se dançasses tão leve
ante o peso, tão solta sem qualquer esforço.
Até sei o quanto te esforças, mas não para nadar.
Teu nado é vida, é música com que tocas o universo
com a simplicidade de quem apenas vive,
de quem apenas nada e nada mais.

Hoje,
me despeço do seu nadar.
Deixo as lições que me deste
sobre a arte que ministras sem ministrar,
apenas por deixar para trás as distâncias
que te afastam de onde não quer chegar.
Guardo comigo um único dia - e dele não me esqueço,
onde te vi e estive a nadar contigo.
Por ti, seria eu a margem a te acompanhar
enquanto ao infinito te dirigisses, decidida,
deixando na água, apenas a água a te cuidar.
Estaria contigo em todas as provas, em todos os mares,
em todos os rios, em todas as piscinas.
Estaria contigo na Suécia, Inglaterra, França,
onde quer que estivesses a encantar as águas.
Seria teu fiel escudeiro, apenas para te ver sorrir,
apenas por admirar o quanto és especial naquilo que fazes.
Hoje, deixo entre mim e ti o mar,
sereno mar do esquecimento,
para que ele leve sem mácula
a admiração imensa que agora faz-me naufragar.

Apenas hoje,
me despeço.
Deixo que a noite se estranhe com a noite
e dela se faça a lástima de não mais ver-te sem os olhos.
Contigo levas também o prêmio que não me deste
mas que se tornou a graça inesperada
que tanto acalento trouxe a este coração ressequido:
tenra flor que leva o teu nome,
teu brilho e inteligência
e que com a alegria juvenil transforma o certo em cena
e dança e canta música nova, rebelde, apenas,
Clara.
Filha do meu coração,
tem em mim um amor que aprendeu a ser ainda maior
a cada dia, a cada tarde em que mais a conhecia.
Em cada pequeneza da tua pequena
tu também estava presente,
em cada encanto, o teu brilho,
mas com as cores que só o teu amor,
com zelo e afeto foi capaz de cultivar.
Pequena, mas grande o suficiente
para fazer do comum a graça do especial.
Saudades, no que vejo
a chamar-me a cada dia mais distante.

Tão duro, hoje,
me despedir de ti.

Queria poder olhar em teus olhos,
segurar em tuas mãos
e com o carinho imenso que irradias
afagar teu coração, ouvir-te,
sentir-te e amar-te,
simplesmente.

Deixo que fique em mim o acre
gosto da mudança, da lambança
na boca acostumada com tua doçura.
O pijama com o coração,
o copo com água no criado mudo,
os quebra-cabeças ,
o brilho de acordar
quando da noite ficou teu caloroso abraço.
Pudera compreender o que existe neste abraço
que enternece, aquece e encanta.
Desde a primeira vez que me abraçaste,
jamais outro fora igual ao teu.

Me despeço do sonho
que no real tu me fizestes despertar.
A vida concreta, vivida,
tão doce de se respirar,
mesmo com todos os seus dissabores.
Escreveria por todo o sempre
com todas as palavras que viesse a aprender
com você,
mas agora sem você
a linha chega ao fim. Ponto.
Final?

Me despeço também das incertezas.

Olhar o mundo pelas lentes da tua virtude
apreciar o belo pela luz do teu olhar
viajar contigo em cada foto
que somente teu coração é capaz de fotografar.
Que serviço fazes, sem perceber,
por ser, entre afazeres,
exímia criadora de olhares.
Ah, quanto pude viajar!

Que presente é para o mundo
tua graça em criar memórias visíveis!
Campos, sorrisos, flores, pássaros,
mais sorrisos, olhares, abraços,
beijos, flores e mais abraços.
Mundo belo, mundo teu!
Privilégio , a quem te conhece
é palavra cheia de saudade.

Hoje, me despeço da tua alma de artista.
Fotos, origamis, caixinhas,
enfeites, álbuns, miçangas,
flores, brinquedos.
Há sempre tanto a admirar!
Omeletes e biscoitos,
com ou sem chocolate
mas sempre, sempre cobertos
com o maior amor do mundo.

Hoje me despeço da vida oculta
debaixo da tua doce desorganização.
Esqueço da louça suja, da cama desarrumada,
assim como tu também por vezes esqueces.
Me esqueço da ventura de ter uma vida tão cheia de memórias
que se fazem luzes e brilham e cantam
versos em prosa e músicas novas
e melodias do coração.
Hoje, apenas a morte de ver que tudo isso passa.

Hoje, me despeço.
Me despeço desse hoje que não tem mais fim.
Um hoje que se arrasta, indefinidamente,
como se todo os sonhos estivessem mortos
depois que as borboletas voaram para longe do jardim.
Me despeço, também, desse jardim.
Me despeço, apenas.

Me despeço, porque melhor que assim seja
antes que veja, por mim,
da tristeza desse jardim
novas paragens a chamar-te à glória
desse sonho que nunca chagastes a ter.